sexta-feira, 3 de junho de 2011

Piauí Diabétido entrevista o Dr. Carlos Eduardo Barra Couri



Amigos, o blog Piauí Diabético entrevistou por email o Dr. Carlos Eduardo Barra Couri que possui PhD em Endocrinologia e Metabologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. Já recebeu prêmios de destaque nacional como o Prêmio Anita Teixeira de melhor pesquisa em Diabetes no Brasil no ano de 2005 e Prêmio Saúde 2008 de melhor trabalho em Prevenção. Atualmente é pesquisador da Equipe de Transplante de Células Tronco do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Possui inúmeros artigos científicos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais de elevada relevância, especialmente artigos originais e pioneiros mundialmente sobre imunoterapia e terapia com células tronco em diabetes mellitus tipo 1. É um dos responsáveis pelo o primeiro estudo mundial envolvendo uso de células-tronco para tratar o diabetes em seres humanos. 




Piauí Diabético: Diabetes é uma doença em crescimento em todos os continentes. Quais os números atuais no Brasil? É importante preocupar-se com o futuro desses números?

Dr. Calos Eduardo: Realmente a estimativa atual é que tenhamos cerca de 170 milhões de diabéticos no mundo e a previsão para 2030 é de 370 milhões, infelizmente. Não temos pesquisas atuais do Brasil inteiro, mas estimamos que a prevalência atual seja de cerca de 10% da população. Só para ter uma idéia, em Ribeirão Preto, na década de 90, a prevalência era de 12,1%. Hoje a Sociedade Brasileira de Diabetes discute com o governo a necessidade de novas pesquisas em epidemiologia.



Piauí Diabético: Qual a importância de investir na prevenção da diabetes?

Dr. Calos Eduardo: Todas as doenças crônicas têm diminuído ao longo dos anos, como hipertensão, infarto, AVC. Apenas duas estão em crescimento: diabetes e obesidade. Por isto, é que o diabetes e obesidade devem ser prevenidos por medidas não só médicas, mas também com educação nas escolas, nos jornais, nas revistas, etc.



Piauí Diabético: Em termos de tratamento, o que é indispensável para ter um bom controle da doença?

Dr. Calos Eduardo: O principal é a prevenção. Entretanto, uma vez diagnosticado o diabetes, os pilares são:
- Informação sobre a doença;
- Exercícios regulares;
- Alimentação saudável;
- Medicamentos orais ou insulina (dependendo de cada caso);
- Monitorização de glicose



Piauí Diabético: É notório e urgente a necessidade de ações públicas no controle da diabetes. Atualmente, no Brasil, a diabetes tem a devida atenção por parte do setor publico?

Dr. Calos Eduardo: Infelizmente dados atuas indicam que metade dos pacientes diabéticos do Brasil desconhece o seu diagnóstico. Dos pacientes em tratamento, menos da metade tem o controle adequado da doença. É muito mais barato tratar o diabetes de maneira conveniente do que tratar as complicações.
O diabetes é a principal causa de amputações não-traumáticas das pernas; é a principal causa de insuficiência renal; é a principal causa de perda visual.
Como estas complicações são de tratamentos muito complexos e caros, estima-se que gastemos mais com as complicações do diabetes do que com seu tratamento adequado e sua prevenção.



Piauí Diabético: Devido ao elevado custo do tratamento do diabetes, como o Sr. analisa a participação do poder publico?

Dr. Calos Eduardo: Sem dúvida o poder público tem evoluído bastante no tratamento do diabetes. Entretanto, muito ainda deve ser feito. Há grandes dificuldades de se marcar consultas com médicos, nutricionistas, realização de exames e de insumos para o tratamento. Como o Brasil é um país continental, há cidades com melhor atendimento e há cidades com atendimento mais deficitário



Piauí Diabético: É comum encontramos dificuldades do controle associado à ineficácia da logística adotada, principalmente no Sistema Único de Saúde. Qual sua opinião a respeito do fornecimento dos medicamentos pelo SUS?

Dr. Calos Eduardo:  Os medicamentos orais e as insulinas oferecidas pelo Estado são muito úteis. Porém não raro ocorre déficit de fornecimento em relação à elevada demanda. Os medicamentos oferecidos atualmente são úteis para grande parte dos diabéticos, mas acreditamos que medicamentos mais novos deveriam ser liberados mais facilmente para casos especiais com adequada justificativa médica. 


Caso tenha interesse em conhecer mais o trabalho do Dr. Carlos Eduardo Barra Couri, assista a entrevista que ele concedeu ao programa do Jô ou acesse seu blog clicando aqui.

 




E mais uma vez, muitíssimo obrigado pela disponibilidade e atenção. 

P.S.: Grifo nosso

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